Em uma época muito remota, havia um jovem que morava próximo
a uma pequena cidade de um poderoso império. Ele era brilhante,
inteligente e impressionava a todos por sua habilidade em aprender e
pela maneira amistosa de conviver com seus vizinhos.
Ele vivia
com sua mãe, que era viúva.
Um dia
sua mãe lhe disse:
–
Anwar, –
pois era este se nome –
Anwar, você deveria realmente pensar numa forma de se estabelecer
na vida. É verdade que você ajuda os fazendeiros como os
outros rapazes e, quando não há nada mais para fazer,
eu sei que você fica em casa e faz cestos, como as outras pessoas.
Mas você deveria se casar ou seguir adiante em busca da fortuna
nesse imenso mundo. Em todo caso, é assim que vejo as coisas.
–
Minha querida mãe! –
exclamou o jovem –é
exatamente isto que quero fazer. Eu poderia ficar em casa e trabalhar
permanentemente para um dos fazendeiros, ou poderia partir e tentar
algo realmente arrojado, como viajar a lugares distantes. Mas, antes
de experimentar qualquer coisa desse gênero, decidi não
só ficar razoavelmente perto de casa como também tornar-me
uma pessoa importante: eu me casarei com a filha do imperador e viverei
feliz para sempre!
–
Gente como nós –
disse a velha mulher –
não costuma ter idéias como estas. Ora, é tão
difícil encontrar, entre a nossa gente simples e trabalhadora,
quem já tenha ao menos visto o imperador, que dirá sua
filha! E quem é você, posso perguntar, para chegar até
nosso monarca e pedir algo tão ultrajante?
–
Eu, mãe, não sou ninguém para fazer isto, –
disse a jovem –
mas você,
bem isto já é outra história. Eu quero que você
vá até o imperador e peça que a princesa seja sua
nora!
Nós
podemos bem imaginar como a pobre velha se sentiu. O jovem Anwar era,
na verdade, a luz de seus olhos. Mas certamente não estava ele
demonstrando ser por demais imprudente e até mesmo rude ao ter
tal ambição?
–
Que absurdo! –
disse ela.
E o pôs
a trabalhar tanto, que por um tempo ele esqueceu seus planos.
Então
alguma coisa o fez lembrar-se de novo. Ele atormentou sua mãe
até que ela cedeu, arrumou a mala com o essencial e tomou seu
caminho até a capital do império.
Dia após
dia a pobre mulher perambulou ao redor do palácio, vendo a fulgurante
guarda cavalgar para fora dos portões, os embaixadores de longínquos
países chegando e partindo, as altas muralhas atrás das
quais se sentava, em sua sala do trono, o próprio imperador.
Como acontece numa capital, as ruas viviam num clima de permanente excitação.
Cortejos e gente importante estavam por toda parte e ambos, cada qual
de sua maneira peculiar, contribuíam para o aperfeiçoamento
moral e espiritual do povo.
Mas como
é que alguém poderia ser admitido à presença
de uma pessoa como o imperador?
Ela tentou,
e tentou e tentou. E então pensou:
–
Se o imperador não me deixa chegar até ele, eu devo esperar
até que ele venha a mim.
E assim
ela se postou, dia e noite, do lado de fora da grande mesquita aonde
o imperador, montado em seu cavalo branco, se dirigia para rezar às
sextas-feiras. Lá sempre havia uma grande multidão, mas
depois de algum tempo a velha mulher ficou conhecida como aquela que
sentava num certo ponto. Ela escolheu esse lugar porque justamente ali
o governante virava seu cavalo após montá-lo.
Numa sexta-feira,
então, ela estava quieta em seu lugar de sempre quando, no exato
momento em que o imperador colocou o pé no estribo e olhou em
sua direção, ela ergueu as mãos em súplica.
–
Que aquela mulher seja levada ao palácio –
ordenou o monarca assim que viu seu gesto.
Em poucos
minutos ela estava em sua presença na sala do trono.
–
Você é uma pobre mulher, como posso ver –
disse Sua Majestade –
e se deseja me pedir um favor, seria melhor que falasse!
Mas a mulher
estava tão assombrada com aquele lugar e por estar de fato falando
com o grande homem que, embora abrisse a boca, dela não saía
nenhum som.
Assim,
o imperador ordenou que lhe fosse dada uma bolsa cheia de ouro e que
lhe mostrassem a porta de saída.
–
Essa gente sempre aprecia dinheiro –
disse ele aos cortesãos.
Quando
a velha mulher voltou para casa, seu filho lhe perguntou:
–
Você viu o imperador?
–
De fato eu vi, Anwar - respondeu a mulher.
–
Você apelou para ele? –
perguntou Anwar.
–
Sim!
–
Você esteve em sua presença?
–
Sim! –
respondeu a mãe de Anwar.
–
E o que foi que ele disse a respeito de minha proposta de casar com
sua filha, a princesa Salma? –
perguntou o jovem.
–
Garoto tolo! Como poderia eu, vestida de andrajos e sem as boas maneiras
da corte, dizer uma coisa destas? Eu não disse nada, pois me
senti subjugada pelo esplendor daquele lugar. Mas Sua Majestade Imperial
foi mais do que gentil e nos deu esta bolsa cheia de ouro. Você
pode usá-lo para abrir seu próprio negócio e isto
lhe dará uma profissão e uma completa realização
por toda sua existência. Esqueça essa tolice sobre princesas!
–
Mãe, eu não quero ouro, eu quero a princesa! –
disse Anwar.
Ele continuou
a infernizá-la até que ela foi obrigada a partir, mais
uma vez, para a capital.
Lá
o imperador a viu de novo, sentada em seu canto. Ele a chamou e mais
uma vez lhe perguntou o que desejava. De novo ela estava por demais
assustada para falar. Uma vez mais ele deu a ela uma bolsa cheia de
ouro e a mandou embora.
E a mesma coisa aconteceu quando ela voltou para sua humilde cabana,
pois Anwar não se resignou de forma alguma, mesmo com toda a
generosidade do imperador.
Por fim
Anwar disse para sua mãe:
–
Decidi não ficar em casa. Decidi não aceitar a vida confortável
que o ouro pode me dar. Decidi buscar a filha do imperador, e por isso
partirei amanhã de manhã, para descobrir como obtê-la.
No dia
seguinte, tão logo surgiu a aurora, ele deixou sua casa e começou
a andar pela estrada, no topo de uma colina, Anwar deparou-se com um
homem sábio sentado no caminho, com um capuz pontudo sobre a
cabeça e um manto feito de pequenos quadrados de trapos cuidadosamente
costurados em conjunto.
–
Que a paz esteja convosco, Vossa Presença, ó Dervixe!
–
disse Anwar polidamente.
–
E o que você procura, pequeno irmão? –
perguntou o dervixe.
–
Eu procuro uma maneira de me aproximar do imperador e pedir a mão
de sua filha em casamento, pois este é o firme propósito
de meu coração –
disse Anwar.
–
Isto é difícil,
–
disse o homem sábio - a não ser que, primeiro, você
esteja preparado para aprender a habilidade que ninguém possui.
–
Como pode existir tal coisa, se é chamada a habilidade que ninguém
possui –
perguntou o jovem.
–
Ninguém a possui porque as pessoas a exercem –
disse o dervixe –
e elas só são capazes de exercê-la quando possuem
algo, algumas outras coisas. Quando elas possuem essas coisas, a habilidade
trabalha para elas, e assim elas não tem realmente que possuí-la.
–
Isto é extremamente difícil. –
disse Anwar –
Mas você pode me dizer como empreendê-lo?
–
Sim, com certeza. –
respondeu o velho homem –
Você
segue sempre em frente, não permitindo que nada o desvie, persistindo
no mesmo caminho, e sem pensar que alguma coisa possa ser mais importante
que o caminho.
Anwar agradeceu
ao dervixe e seguiu seu caminho. A estrada o conduzia sem parar, e ele
vivia o melhor que podia de frutos silvestres, raízes, sementes
e da generosidade de várias pessoas que encontrou. De tempos
em tempos, pessoas lhe sugeriam trabalhar com elas, ou se interessar
por suas profissões e ocupações, ou até
mesmo casar com suas filhas. Mas Anwar prosseguia, embora após
um longo tempo começasse a sentir, cada vez mais, que o caminho
não o estava conduzindo a lugar nenhum.
Então,
certo dia, quando a noite começava a cair, Anwar viu que o caminho
na verdade terminava. Isto é, em vez de passar por certa fortaleza
cheia de torres, ele o conduzia direto para dentro de seus muros, através
de um imenso portão. Anwar seguiu até a entrada.
O porteiro
o interpelou:
–
O que você procura?
–
Eu estou à procura da princesa, com quem estou determinado a
me casar –
respondeu Anwar.
–
Você não pode passar, a não ser que tenha um objetivo
mais razoável do que este –
gritou o guardião do portão.
E apontou
sua lança afiada para o pobre Anwar.
Anwar disse:
–
Bem, então eu vou aprender a habilidade que ninguém possui.
–
Isto é diferente, –
disse o guarda abaixando a arma. Mas, –
acrescentou amuado –
alguém deve ter lhe falado sobre isso, pois as pessoas normalmente
imaginam que podem se aproximar direto da princesa.
Anwar seguiu
seu caminho e encontrou-se dentro do pátio do imenso castelo.
Num pequeno pavilhão no jardim, havia uma figura silenciosa,
sentada em contemplação. Ao se aproximar, Anwar viu que
se tratava do mesmo dervixe que ele havia encontrado na estrada, muitas
luas atrás.
–
Já que finalmente chegou até aqui, sem tomar conhecimento
de nenhuma das tentações do caminho, –
disse o dervixe –
você deve se submeter ao próximo teste.
Ele introduziu
Anwar numa sala de meditação comprida e baixa, onde uma
fila de dervixes silenciosos estavam repousando com suas cabeças
apoiadas nos joelhos.
Anwar sentou-se.
Então os dervixes começaram a executar exercícios
e Anwar se viu compelido a imitá-los. Quando aquilo terminou,
ele foi encaminhado ao mestre jardineiro e posto a trabalhar, cavando
e carpinando, aguando e podando, cultivando plantas e aparando veredas
até suas mãos ficarem tão feridas quantos suas
costas doloridas. E tudo isso continuou por muitos meses.
A seguir
foi levado à sala do mestre do mosteiro, e teve de ali voltar
todos os dias por horas sem fim, enquanto o grande homem olhava para
ele sem dizer nada. E isso continuou por muitos meses mais.
Depois
disso, Anwar foi designado para a cozinha, onde trabalhou como um escravo,
preparando comida para centenas de dervixes que moravam naquele lugar
e para as pessoas que frequentemente visitavam o mosteiro, bem como
para os muitos festivais que eram dirigidos pela irmandade.
Às
vezes, Anwar sentia que estava sendo útil, outras vezes que estava
desperdiçando seu próprio tempo, pois pensava constantemente
na princesa e também na habilidade que ninguém possui.
Mas o pior
ainda estava por vir. Foi quando não teve absolutamente nenhum
trabalho para fazer. Ele não era convidado a participar dos exercícios
dos dervixes, não tinha lugar para ele na cozinha e ele não
era necessário nos jardins. Muitos outros jovens chegaram e partiram,
a maioria parecendo estar bastante feliz. Mas conversando com eles Anwar
não conseguiu aprender muito sobre a comunidade nem sobre o significado
de suas atividades, se é que havia realmente um significado em
tudo aquilo.
Então,
certo dia, alguns anos depois, Anwar foi chamado à presença
do mestre do mosteiro. Quando chegou à hujra, a sala onde o mestre
entrevistava as pessoas, viu que o velho estava prestes a cair num poço
que subitamente se abrira no meio do chão. Anwar nesse momento
foi capaz de salvá-lo.
–
Meu filho, –
disse o sábio, entregando-lhe uma chave –
pegue esta chave e cuide dela com a sua própria vida.
Anwar continuou
trabalhando no mosteiro até que foi chamado à presença
do jardineiro-chefe, e viu que uma árvore estava tombando, prestes
a cair sobre a cabeça do sábio. Anwar, nesse momento,
conseguiu impedir que tal coisa acontecesse, e salvou a vida do homem.
–
Meu filho, –
disse o jardineiro-chefe –
pegue este seixo de cristal e guarde-o com a sua vida.
Ele voltou
para seu trabalho e foi chamado, após um longo tempo, à
presença do chefe de cozinha. Quando lá chegou, viu que
o homem estava prestes a levantar uma concha muito quente que estava
dentro de uma panela no fogo. Anwar agarrou-a primeiro e queimou seu
polegar.
–
Meu filho, –
disse o chefe de cozinha –
você agora terá um calo na base desse polegar. Guarde-o
com sua vida.
Após
muitos meses mais no mosteiro, Anwar foi chamado à sala de reunião,
onde todos os dervixes estavam sentados, jantando. Na cabeceira da mesa
estava sentado um altivo príncipe, de porte elevado e vestido
com roupas magníficas. Todos ouviam o príncipe contar
uma longa e complicada história. Como se fosse de dentro de si
mesmo, Anwar escutou a voz do príncipe dizer:
–
Lembre-se desta história e guarde-a com sua vida.
Depois
de muitos dias, disseram a Anwar que fosse àquele lugar do jardim
onde tinha visto o dervixe pela primeira vez. Quando lá chegou,
o velho estava sentado como antes, em contemplação.
Levantando
a cabeça, ele disse para Anwar:
–
Anwar, agora você está pronto para continuar sua busca.
Você terá êxito, pois eu lhe dei a habilidade que
ninguém possui.
–
Mas, eu não compreendo isso –
disse Anwar.
–
Se você pensa que compreende –
disse o sábio –
você não o faz. Se, ao contrário, você pensa
que não compreende, você pode empregá-la sem interferências.
–
Continuo não entendendo –
disse Anwar.
–
Se você tivesse nos deixado, jamais teria aprendido –
disse o dervixe –
e se eu o mandar embora, você aprenderá. Se tentar voltar,
você não aprenderá. Se precisar de ajuda, eu aparecerei.
–
Como assim? –
perguntou Anwar, meio confuso.
–
Porque, afora certas coisas que você tem, eu sou uma parte da
habilidade, que não pode ficar com você, por isso tem que
ser conservada comigo.
Assim,
Anwar se dirigiu ao portão da fortaleza e, chegando até
o guardião da entrada, olhou em seu rosto e viu que era o mesmo
homem, o dervixe que havia estado falando com ele. Logo do lado de fora
estavam o chefe dos jardins, o chefe da cozinha e o chefe do mosteiro
e todos os outros que tinha encontrado desde que entrara naquele lugar.
Cada um e todos eles tinha o rosto do dervixe que ele havia primeiro
encontrado à beira da estrada perto do topo da colina, após
ter abandonado a cabana de sua mãe.
–
Eu nunca serei capaz de compreender isto! –
disse Anwar
para si mesmo.
Mas, continuou
seu caminho.
Ao olhar
para trás, viu que o mosteiro não se encontrava mais lá,
e até mesmo a estrada diante dele havia mudado. Em vez de conduzí-lo
de volta a sua própria casa, ela o levava numa direção
completamente diferente. Contudo, Anwar continuou a seguí-la.
Após
vários dias, ele chegou a uma cidade imensa e luminosa, e perguntou
que cidade era aquela.
–
Esta é nada menos que a capital do império –
disse um passante.
Anwar perguntou-lhe
quantos anos se haviam passado desde que partira, e o homem olhou para
ele espantado.
–
Ora, apenas um único ano –
respondeu o homem.
Pelas próprias
contas, Anwar tinha passado mais de trinta anos naquele mosteiro. Assim
percebeu que, de alguma estranha maneira, o tempo não era o mesmo
em todos os lugares.
No centro
da cidade, Anwar se deparou com um poço profundo e escutou gritos
que vinham de seu interior. Ele começou a puxar uma corda que
estava caída lá dentro. Uma multidão logo se juntou,
enquanto Anwar se esforçava ao máximo, quase deixando
a corda escapar; mas, graças ao calo em seu polegar, ele foi
capaz de sustentar o terrível atrito.
Finalmente,
um homem emergiu do poço. Ele agradeceu Anwar e disse:
–
Você deve ser o homem que veio de longe, sobre quem foi profetizado
que seria capaz, sozinho, de me salvar. Eu sou o ministro-chefe se Sua
Majestade Imperial, aprisionado no poço por um gênio, e
providenciarei para que você seja recompensado.
Assim dizendo,
ele seguiu seu caminho.
Anwar ainda
estava bastante surpreso com o acontecido, quando uma estranha e horrível
criatura saltou sobre ele.
–
Ah! –
disse a criatura –
Filho do
Homem, você é minha presa e vou comê-lo vivo, como
faço com qualquer um desta cidade a quem desejo devorar. Nós,
gênios, temos o controle das ruas da capital, e ninguém
pode resistir a nós, exceto as pessoas que foram merecedoras
do seixo de cristal de Salomão, filho de Davi, que a paz esteja
com ele, que sujeita todos os gênios da Terra!
Ouvindo
isto, Anwar pegou o seixo de cristal em seu bolso e o segurou diante
do gênio que, imediatamente se dissolveu em clarões de
fogo e fugiu para bem longe.
Nem bem
havia feito isso, um homem a cavalo veio galopando em sua direção
e disse:
–
Eu sou o arauto do imperador! Foi previsto que aquele que pudesse resgatar
o ministro seria capaz de vencer os gênios. Tal homem pode muito
bem ter merecido a chave do quarto encantado no qual a princesa está
prisioneira. O homem que conseguir abrir aquela porta se tornará
marido da princesa e governará o reino quando Sua Majestade Imperial
não existir mais.
Anwar montou
na garupa do cavalo do arauto e eles correram para o palácio.
O homem o levou até um quarto, onde Anwar ajustou a chave na
fechadura. A porta se abriu de repente, e lá viu a mais bela
jovem que olhos humanos jamais contemplaram. Era, é claro, a
princesa. Ela se aproximou, e o par se apaixonou no mesmo instante em
que seus olhos se encontraram.
E foi assim
que Anwar, um pobre rapaz que morava numa cabana de uma remota província,
se tornou o marido da princesa Salma, e imperador também, na
plenitude do tempo.
Ele e sua
consorte ainda reinam por lá.
A história
que o altivo príncipe tinha contado à mesa do mosteiro
- eles descobriram - continha todos os elementos necessários
para um governo justo, pacífico e repleto de êxito. E sempre
que eles, seus pais ou seus filhos enfrentavam alguma dificuldade, percebiam
que tinham a habilidade que ninguém possui: porque eram capazes
de usar suas experiências, os objetos mágicos que lhe tinham
sido dados e os conselhos do misterioso dervixe, que sempre aparecia
e os aconselhava, quando era necessário.
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